quarta-feira, 3 de março de 2010

Uma longa espera!

Era a primeira vez que estava sob a alçada de um contrato profissional, e logo para gravar um disco.Na última semana de Novembro voltei a Lisboa para me encontrar pessoalmente com o Nuno Soares (Dono da Editora) e com aquele que seria o produtor do meu disco, o João Noro. Fui até Águeda e, chegado à Editora, fui para o Estúdio gravar uma guia das minhas canções(com voz e violão). Foi também nesse dia que conheci o Lino Vinagre, um dos maiores talentos musicais que conheci até hoje e que se viria a tornar num verdadeiro amigo e num dos principais protagonistas da minha história. Na altura, produzia música PIMBA na Mundial, era guitarrista dos ANGER e dava aulas de guitarra numa escola de Aveiro.
Mas voltando à guia, gravei as músicas apenas para o João(que seria o produtor) ter uma percepção do que era o meu som e poder começar a trabalhar nele.Em dez minutos estavam as coisas resolvidas! Depois das despedidas voltei a Lisboa, na esperança de entrar em estúdio brevemente...em Dezembro encontrar-me-ia, no Colombo, com o Nuno Soares(Dono da Editora) para lhe entregar 12 cheques pré-datados, cada um no valor de 1042 euros. Seriam descontados no início de cada mês numa conta que tinha ganho como prémio pela vitória num Torneio de Ténis, no Banco Espírito Santo.
Em meados de Dezembro voltei a São Miguel para as férias de Natal e comecei a achar estranhas certas atitudes do Nuno Soares. Ligava-lhe a perguntar como estavam a decorrer os trabalhos de pré-produção e a resposta era sempre a mesma:"Está tudo a correr bem, não te preocupes. O João está a tratar de tudo!"...nesse mesmo mês de Dezembro fiz, em colaboração com a Ana Lopes (www.ana-lopes.com) o meu primeiro vídeo-clip, uma experiência engraçada, amadora, com poucos meios.
Mas de Águeda, e da Editora, não havia notícias...Dezembro...Janeiro...Fevereiro...e sempre a mesma conversa...estava tudo a andar, mas estava a pagar há quatro meses e não tinha absolutamente nada a que me pudesse agarrar...estava desesperado...como ainda não tinha recebido as verbas relativas ao apoio da Direcção Regional da Juventude (algo normal, uma vez que os processos levam o seu tempo a ficar concluídos),os meus Pais é que estavam a pagar as mensalidades. Uma vez mais, tinha sobrado para eles. A Câmara já tinha feito o pagamento, e essa verba foi imediatamente usada para pagar uma prestação e meia, mas já tinham vencido quatro...
Foram meses absolutamente frustrantes...todo o meu plano de ter o disco cá fora em Abril, de forma a poder arranjar Concertos para o Verão tinha caído por terra...e sendo assim, onde iria eu buscar dinheiro para pagar o resto das prestações?Tinha de apertar com o Nuno...àquela data, já tinha percebido que era um mentiroso compulsivo. Tinha-me enganado nos timings, continuava a mentir-me e era oficial que me tinha metido com um "cigano" da pior espécie. Ainda assim, na minha cabeça, continuava a ser possível: o sucesso do meu trabalho dependia, em muito, daquilo que conseguisse fazer e da qualidade das músicas, e disso estava eu seguro.
Em meados de Fevereiro encostei-o contra a parede e disse-lhe que, ou entrava em estúdio no início de Março, ou cancelava os cheques. Foi o suficiente para ele me dar ouvidos...
No início de Março fui para Águeda começar as gravações...foi o início de outro pesadelo...

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