quarta-feira, 10 de março de 2010

Promoção nas Rádios Nacionais

Terminados os Concertos que tinha agendado para aquele Verão, regressei a Lisboa. Tinha , para o início de Agosto, marcadas algumas entrevistas em Rádios que iam desde Braga até Lisboa, e cumpri esse périplo, uma vez mais, às custas de um grande investimento dos meus Pais e de um apoio que recebi por parte do Presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César. No decorrer do mês de Julho, se a memória não me falha, tinha tomado a iniciativa de lhe escrever pessoalmente a fim de lhe explicar tudo o que já tinha feito e o que tencionava ainda fazer. Expliquei-lhe que não era minha intenção fazer deste um disco para amigos e conhecidos mas um disco com projecção à escala nacional, o que requeria muito dinheiro. Pedi-lhe um apoio no sentido de fazer uma promoção condigna e, tempos mais tarde, recebi o seu aval. A Presidência do Governo ia apoiar-me com 2000 euros, o que seria suficiente não só para fazer as Rádios como também para contribuir com mais algum dinheiro para o pagamento de outra prestação. É óbvio que o teor da carta ao meu Presidente foi muito para além do simples pedido de apoio, tendo apresentado, em monólogo, muitos dos meus pontos-de-vista relativos à política cultural e desportiva da minha Região, mas isso ficará entre nós. O mais importante , em todo este processo, é que ele percebeu as minhas razões e eu consegui retribuir todo o dinheiro em mim investido, não só através da divulgação da marca "Açores", como através da minha música que estava a passar nas Rádios de Portugal mais profundo, onde, de outra forma, muito provavelmente, nunca se falaria das "Ilhas de Bruma".
Em cada viagem que fazia, em cada noite passada nas Residenciais mais estranhas, onde a minha única companhia era o meu violão, tinha sempre bem presente que estava quase em "missão de estado": o Presidente tinha delegado em mim (em sentido figurado, como é óbvio!) a tarefa de elevar a bandeira dos Açores onde quer que fosse. Foi com esse espírito que fiz horas de viagem de comboio, autocarro, táxi e muitas vezes a pé...sempre com a bagagem toda às costas!
As entrevistas andavam quase sempre à volta de ter vindo de tão longe para promover a minha música. Passava a maior parte da entrevista a falar dos Açores e a aceitação dos temas deixava antever uma boa saída para o mercado. Como os discos tinham, entretanto, chegado da fábrica,e eu, por contrato, tinha direito a 750, ia oferecendo alguns às Rádios por onde passava, na esperança de que pudessem explorar outras faixas que não as do single. Mas logo ali comecei a perceber outra coisa: para chegar a algum lado tinha de entrar nas grandes rádios nacionais, vulgo RFM, MegaFM, Antena3, Comercial...eram rádios fundamentais e absolutamente estratégicas, mas só ao alcance das grandes editoras...o sistema começava a ditar leis e eu começava a ver que, passado o impacto inicial, ou caía nas boas graças de alguém verdadeiramente influente, ou o disco não passaria de mais um entre centenas de milhares de discos esquecidos em caixas de estações de serviço a dois euros e meio cada um...era terrível, mas a verdade era essa!

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