quarta-feira, 28 de abril de 2010

Semana dos Baleeiros 2008

Umas semanas antes do Concerto no Coliseu, numa altura em que todas as minhas atenções estavam viradas para a organização desse espectáculo, recebi, da parte da Sra.Presidente da Câmara Municipal das Lajes do Pico, resposta a um "e-mail" que lhe tinha enviado no dia 1 de Fevereiro, com o intuito de poder fazer parte do cartaz da "Semana dos Baleeiros", um dos mais emblemáticos Festivais de Verão dos Açores

"From: sara maria santos
To: cmlppresidente@mail.telepac.pt ; CMLP-Secretariado
Cc: vania brum ; vandapatriciaalves
Sent: Wednesday, June 04, 2008 7:09 PM
Subject: Re: Fw: Semana dos Baleeiros 2008

Caro Bruno Ávila:

Antes de mais agradeço o seu e-mail e peço-lhe desculpa pelo atraso na resposta.
É com todo o gosto que o veremos a actuar no Palco da SEMANA DOS BALEEIROS - nas exactas condições que nos propõe.
Assim, peço-lhe que se considere nosso convidado para este ano, concretamente, para a abertura dos espectáculos no "palco da pesqueira", terça-feira, dia 26 de Agosto, em hora a acertar, mas provavelmente cerca das 22 horas.
Agradeço-lhe que o mais brevemente possível me diga se está de acordo com o dito acima e nos envie:

A) Rider técnico
B) Número de pessoas a deslocar e suas funções (para estimarmos custos de deslocação e estadia)
C) Historial da banda
D) Fotos digitais

Com os melhores cumprimentos
Sara Santos

Presidente"

Foi uma das maiores alegrias da minha vida! Não só porque se tratava, de facto, de um grande Festival, como por se realizar na Terra do meu Avô e da minha Avó paterna, onde nasceu e cresceu toda a minha família do lado paterno e onde passei, sem sombra de dúnidas, os momentos mais felizes da minha existência! Ia ser um momento único, e nem o facto de me ter calhado uma terça-feira (habitualmente o dia mais fraco em termos de afluência de público) me retirava a motivação. Ia ser a primeira vez que alguém da minha família ia subir ao Palco Principal das Festas como "cabeça-de-cartaz" e isso era motivo de orgulho não só para mim, como para todos os meus familiares e amigos.
Passei o resto do Verão (desde o fim do Projecto Coliseu até ao dia do Concerto no Pico) a sonhar com aquele dia: como iria ser, o que iria levar vestido, que reportório iria tocar, o que iria dizer...era o Concerto de uma vida!
Uma vez mais, recrutei o Lino, que chegou no dia 24, assim como o Nélson. O objectivo era ensaiar duas ou três vezes antes do espectáculo, mas, uma vez mais, saí dos ensaios com o profundo desejo de, na hora H, as coisas correrem bem melhor...o que viria a suceder! Lembro-me perfeitamente de, no dia do espectáculo, estarmos todos num Café, sem Boleia, às 2 e tal da manhã, em virtude da Sala de Ensaios ficar a quase uma hora do Hotel...mas o pior estava para vir!
Oito horas depois, por volta das dez da manhã, acordei com muitas dores de garganta, mas insisti com todos para voltarmos a ensaiar...tínhamos de acertar notas e partir com alguma segurança para aquele que seria um dos momentos mais marcantes da minha carreira!
Findo o ensaio, por volta das duas da tarde, comecei a sentir-me sem voz. Às cinco da tarde, aquando do teste de som, estava literalmente sem voz! Afónico! Sem tirar nem pôr! Escusado será dizer que fiquei em pânico!
Passei a tarde a chás e "mézinhas"...senti que estavam todos solidários! Em casa do meu Avô não se falava de outra coisa e senti uma excitação inerente aos grandes acontecimentos! Naquela noite iria defender não só o meu trabalho, como toda a minha família!Era um sentimento quase patriótico!
21:30 era a hora prevista para começarmos a actuar, mas é óbvio que retardei ao máximo a minha entrada em palco para ver se recuperava alguma da minha capacidade vocal. A propósito disto,um Sr. chamado Carlos Borba, responsável pelas Bandas contratadas nesse ano,enviou-me uma mensagem, por volta das 21:45, depois de o informar que não começaria antes das 22:45, a dizer que os Espectáculos dele começavam sempre à hora certa...ao que lhe respondi que o Espectáculo não era dele, era meu, e que,sem artista, não havia espectáculo! Comecei o espectáculo quando me senti preparado, como é óbvio, para fúria do Sr. Borba, que, no Camarim, demonstrando todo o seu profissionalismo, nos deixou nada mais que (e apenas!) quatro garrafas de cerveja de litro dentro de um balde de limpeza com gelo...
Quado entrei no palco, tinha, no público, quase todas as pessoas mais importantes da minha vida! Foi um misto de emoções muito grande, difícil de ultrapassar, sobretudo quando tive de assumir, perante todos, que não estava nas minhas melhores condições...a verdade é que, com o decorrer do Concerto, as coisas foram-se compondo e lembro-me de pensar que a minha voz rouca até nem ficava muito má...fui ganhando confiança, o público foi puxando por mim e acabámos a noite a um grande nível!
No final todos me vieram felicitar pela qualidade da nossa prestação...não me hei-de esquecer da imagem do meu Tio Paulo Luís, sempre na primeira fila, a filmar tudo com um orgulho fraterno que lhe vinha de dentro, e do meu Avô, que, aos 93 anos, me viu finalmente(!)cantar!
Apesar de tantas variantes e obstáculos, tinha conseguido subir ao palco e cantar! Foi dos dias mais felizes da minha vida!

Sem comentários:

Enviar um comentário